Um simples beijo. Assim, sem mais nem menos. Sem eu estar à espera. Quando eu estava tranquila, embalada na placidez da minha vida.
Apenas um beijo vindo do nada, dado de surpresa. Um beijo intenso. Como se quisesses devorar-me.
Um beijo apenas, e o desassossego tomou conta do meu espírito. As emoções invadiram-me em tropel, ruíram todas as minhas defesas. Fiquei à mercê dos sentimentos.
Foi só um beijo, mas toda a minha vida mudou.
Bastou um beijo, um simples beijo, para eu me apaixonar.
Dás-me os bons dias quando ainda estou embrulhada no sono e nos lençóis. Abro os olhos e ofereces-me um sorriso, um beijo e um café. Puxas-me para ti e envolves-me num abraço quente. Falas-me ao ouvido, despertas-me pouco a pouco para o dia que acorda lá fora. Aninhada em ti estou protegida de todos os males, de todos os pesadelos. És a minha casa, a minha âncora, o meu sossego, e não há nada que possa atingir-me.
Sinto falta do teu sorriso travesso e da tua gargalhada fácil. Do som terno do meu nome dito pela tua voz. Do aconchego caseiro do teu abraço apertado.
Falta de sentir o sopro morno do teu hálito no meu pescoço. O peso bom do teu corpo sobre o meu. A urgência da tua língua na minha pele. A fome dos teus beijos.
Sinto falta dos teus olhares cheios de significado. Das tuas carícias que me segredam segundas intenções. Das nossas conversas intermináveis noite dentro, desaguando em manhãs sonolentas e monossilábicas no conforto dos lençóis.
Antecipo a tua falta mesmo quando ainda não foste embora. Adivinho as saudades que vou sentir na tua ausência. Pressinto o vazio dos meus dias sem ti. A dor de sentir que perdi uma parte de mim.