Natal
O Natal está em todo o lado.
Invade as ruas, as lojas, as casas. Brilha nas luzes e reflecte-se nos espelhos. Pesa nos embrulhos com papel colorido e laçarotes a espreitarem de sacos carregados. Grita “Ho! Ho! Ho!” mesmo para quem não quer ouvir.
O Natal está em todo o lado, mas não em mim.
Rodeia-me mas não me desperta. Dou por ele, mas não me afecta. Entra-me pelos olhos adentro, mas não aquece o meu coração.
Dizem que o Natal é sempre que um homem quiser.
Pois se assim é, vou continuar à espera.
Vou acender as gambiarras e pendurar os enfeites, comer o peru e as azevias, oferecer prendas e sorrir, quando receber as que me oferecem. E desejar Boas Festas, e dar abraços apertados às pessoas de quem gosto.
Ainda à espera.
À espera daquele dia em que também o meu mundo se ilumine, e eu possa enfim sentir que o Natal chegou.